Na verdade, são visíveis em vários pontos da freguesia, vestígios de ocupação Pré-Histórica, que por diversas razões foram como que ignoradas, ao longo dos tempos.
A sua origem tem sido fruto de várias lendas ou especulações, mas aquela que aparentemente é mais credível, talvez por ter como base uma Memória de Vale do Peso, existente na Torre do Tombo em Lisboa e da autoria de um Valpesense ilustre (o Dr. José Nunes Fidalgo), que refere a existência de um povoado já habitado em 1621, é a de ter “sido fundada pelos habitantes de uma pequena povoação, que existia a uns três quilómetros a nordeste daquela e que se chamava «Pé-do-Rodo»”, onde ainda hoje podem ser observados os alicerces que suportaram outras tantas habitações.
Uma outra tradição remonta o nome de Vale do Peso a “uma pedra de forma airosa, regular, que provavelmente pela sua configuração, fazia lembra um peso antigo.”
Seja como for, Vale do Peso já existia, indubitavelmente, no inicio do século XVI, como o provam os registos de casamentos e batizados conservados na Igreja de Nossa Senhora da Luz, padroeira da aldeia.
Apesar dos censos referirem uma aldeia com uma dimensão populacional reduzida (o 6º Censo, de 1920, apresentava 850 habitantes), Vale do Peso teve a particularidade de estar sempre à frente do seu tempo.
Beneficiando do facto de ser servida pelo caminho de ferro, desde os finais do século XIX, aliado ao empenho desinteressado do Prof. Manuel Subtil (um Homem com ligações privilegiadas ao Regime politico da altura, que lhe permitiram naturalmente, contactos no aparelho do Estado, que aproveitou para utilizar em defesa dos interesses da terra que o viu nascer), Vale do Peso conseguiu uma série de benefícios e privilégios que outros demoraram a conseguir.
E foi desta forma que fomos pioneiros na fundação do Núcleo Progresso de Vale do Peso em 1921; da sua sede em 1933, no mesmo ano em que foi instalado o Posto telefónico público, muito raro na época; da inauguração da eletricidade em 1935, do Apeadeiro em 1951, Casa do Povo em 1960…
Tudo isto é demonstrativo da capacidade deste povo a que chamam de Doutores, devido ao elevado número de indivíduos de formação superior nos séculos XVII e XVIII, nomeadamente na área da Teologia.
A propósito de Vale do Peso, o Prof. Manuel Subtil escreveu um dia:
Não tem brazões de nobreza nem pergaminhos de fidalguia. Noticias de feitos heróicos não constam do seu passado nem sei de proezas grandes que ilustrem a sua história.
Vale do Peso tem a sua fisionomia própria, um tanto individual, embora participando fortemente dos caracteres comuns às populações do Alto Alentejo; os hábitos e costumes dos seus habitantes não deixam de ser curiosos; aqui ocorreram factos, cuja memória não deve perder-se; aqui se formaram e subsistem lendas, que não deixam de ser interessantes.
A Destilaria Dois Belos, surgiu como um legado natural do arrojo e empreendedorismo deste Povo, um projeto tão ousado como inovador e criativo, num espaço social e económico emergente, que vingará pela variedade e qualidade irrefutável dos seus produtos.